Todo ano vem aquela série.
Aquela série que todo mundo sabe que vai ser cancelada, mas que é boa. A Community ora com ora sem sorte. O
jeito certo de terminar este parágrafo seria dizer que Brooklyn Nine-Nine vai
ser “aquela série” deste ano, mas tenho receio de admitir isso. Talvez porque a
série é boa e
diferente, ou talvez porque é da Fox.
O problema da Fox é que o canal tem uma história que ensinou
os executivos que singularidade não lucra e não proporciona patrocinador. Por
exemplo, os programas de mais sucesso do canal são American Idol e The X
Factor, que seguem uma fórmula altamente genérica e repetida e que criam grandes expectativas para qualquer programação.
Brooklyn Nine-Nine conta a história do 99º Departamento de
Polícia de Nova Iorque, que acabara de ganhar um novo comandante, Ray Holt
(Andre Braugher de Last Resort),
policial de prestígio que é o primeiro homossexual aberto no comando de sua
própria seção – o fato de Holt ser gay não influencia a série, apesar de gerar
uma das melhores cenas, somente influencia a crítica: um policial abertamente
gay não é comum na TV muito menos fora dela, o que ajuda na construção de meu
argumento de que a série é incomum. Holt não quer “estragar tudo” e está
decidido a fazer do 99ª, o melhor departamento, mas tem o Det. Peralta (Andy
Samberg de SNL), um ótimo investigador que não conseguiu crescer como único
obstáculo.
O piloto em especial, mostra o personagem de Samberg, enquanto
ele tenta se manter ganhando numa aposta com a Det. Santiago (Melissa Fumero)
sobre quem faz mais prisões, tenta entender porque seu novo chefe insiste a
presença de gravata no uniforme e procura um homem que matou o dono de uma
presunto ibérico muito caro.
É mais um programa no estilo Modern Family: aparência de
documentário, câmera única, que passeia pelo cenário com os personagens. Mas é
bom que seja nesse estilo, afinal, é uma série policial, o que intui uma
paródia a Law & Order. É um outro
ponto positivo da série: sabe mesclar a comédia leve de piadas no estilo cutaway gag com os elementos policiais,
não favorecendo nenhum dos elementos.
Já o elenco, que com a exceção de Samberg, que tem química
com toda a equipe, não tem grande atenção, com todos exercendo os papéis
necessários para que o piloto seja entendível para as massas sem a profundidade
dos personagens que a série pode um dia alcançar.
O piloto pode se desenvolver numa ótima série, embora
necessite de uma atuação mais realista e menos caricata de Samberg e algumas
piadas mais relembráveis, afinal, essa série tem tudo para ser uma daquelas de
qual você decora as falas e só consegue esquecer quando uma piada melhor
aparece.
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