4 de janeiro de 2015

RESENHA: Renata Ventura dá uma aula de brasileirismo e política em "A Comissão Chapeleira"

Segundo livro da série escrita pela carioca expõe ao leitor a realidade do nosso país, mesclando ficção, política e drama



A Comissão Chapeleira, recém-lançada continuação do nacional A Arma Escarlate, em que somos apresentados à sociedade mágica brasileira, traz uma premissa inovadora e totalmente diferente da apresentada nos livros da saga Harry Potter, de onde a autora carioca, Renata Ventura, se inspirou ao escrever sobre cinco escolas de magia no Brasil.

No segundo livro da saga, que terá cinco livros no total, é onde a história realmente se inicia, revelando o foco central da trama, mas ainda totalmente conectado com os acontecimentos da primeira obra, que tem relevância até as últimas páginas de sua sequência, explicando muitos porquês e amarrando pontas soltas deixadas.

Em A Comissão Chapeleira, nos deparamos com a política bruxa, cheia de falcatruas, corrupções e esquemas secretos, em meio às eleições presidenciais dos feiticeiros, mostrando a disputa acirrada entre dois candidatos com propostas e público totalmente diferentes; semelhante ao que aconteceu em 2014, nas eleições mequetrefes do Brasil não bruxo.

Mas a disputa não é pelo poder em si. São ideologias opostas. Um quer a independência cultural brasileira, em que nossos jovens seriam ensinados a valorizar o que é nosso, sem precisar louvar a cultura europeia. Outro quer transformar o país em uma segunda Europa, com costumes, roupas e hábitos iguais aos das escolas europeias.

Somos presos pela trama criada pela autora, que com um vocabulário simples e referências históricas e folclóricas brasileiras, construiu um universo totalmente novo e fascinante, com cada detalhe explicado.

Além da história de A Comissão, a escrita muito bem desenvolvida e a mescla entre diversos temas, o que mais me chamou atenção nesta obra foi a habilidade da autora de nos mostrar tudo de bom que há no Brasil, mesmo em meio a tantos problemas. Renata me fez ver o país com outros olhos.

Os personagens são praticamente apalpáveis de tão bem construídos. Cada um possui um passado, com seus segredos, mistérios e atos que justificam como agem, além de suas personalidades únicas. 

Renata Ventura no lançamento da sequência
Com Hugo, o protagonista, vivemos uma relação de amor e ódio, pois nos identificamos com ele, errando, falando o que não devemos e depois tendo de arcar com as consequências. Não poderei mencionar os outros, senão essa resenha se tornará um livro, mas se tem uma coisa que eu garanto, é: neste livro você amará, odiará, duvidará e se tornará escravo das palavras escritas pelo futuro da literatura brasileira, Renata Ventura.

Após devorar as 650 páginas em quatro dias, passei a me interessar na mitologia brasileira, o folclore e lendas que passam de boca a boca desde as eras do descobrimento, e em nossa cultura, grande e maravilhosa, como se existissem uns vinte países só dentro do Brasil.

Muito obrigado, Renata, por me ensinar, por meio dos dois livros até agora lançados a ser um brasileiro, valorizar nossa cultura e nossa história. É incrível como, por meio de um livro, podemos aprender tanto.

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